terça-feira, 3 de outubro de 2017

Antes do dia


Não há lembrança. O pensamento é fugidio. A vontade, sabe-se lá da vontade. Grito é eco e ecos teimam em se perder. Cada enfoque, cada respectiva razão, vai escoar. Notória postura. Posturas, noites afora. Manhãs, silêncio.
- Bom dia, antes do dia, mas bom.
- Bom, o que seja, mas bom.
Dois. Interlocução. Vontade, sabe-se lá, independe.
- Queria mais do que bom dia.
- Bom é querer. O dia, que o seja.
Sintonia, compreende? A suprema intenção. Mentira!
- Não queria falar. Não queria outra voz. Não queria. Tenho...
- Desculpe. E não. Falou. Foi dito. Também não queria. E não.
Onde jaz a verdadeira escolha? Um pênis latente? Um vagina lasciva?
- Resto.
Um instante silencioso.
Vidas. Silêncios.
Silêncios.
Silêncios.
- O que resta. Acima, abaixo, entre todas as coisas... O que resta.
Tanta articulação. Quase poesia.
Pense na sua manhã. Pense na própria opção. Siga.
- Bom dia. Antes do dia.