Vinte vezes
Algumas dores lombares recorrentes.
São pontadas no flanco. Às vezes irradiam o abdômen. Inúmeros momentos não me deixam dormir. Latentes e crônicas. Não me pertencem.
Sou brasileiro, sem plano de saúde, e sem a tenacidade do desespero.
Apenas perplexo com a crueldade do ser. A tirania do estar.
Fugacidade aleatória dessa DNA dança. Vontades corroídas. Desejos pela metade.
Eu já morri umas vinte vezes. Em pensamento. Na covardia.
Mas tenho em mim a dor das ausências. Até flertei com a frieza. Salpiquei um beijo na descrença.
No outro dia de sol, ardência. Perdas. Saudades. E o medo incisivo.
De ainda estar vivo.
Não merecer.
Estar aqui.
Melhor seria não.
Seria covardia.
Vinte vezes em pensamento.
A vida segue.
E as dores assustam...
Maio de 2018