Alcalóides
Seria uma pena, sangue. E versões menos uniformes de nossas necessidades. Psicoses requentadas.
- Um fino risco vermelho acobreado. Puta que o pariu... cheira mal.
Observar o curso da sarjeta. Ainda é água. Não tem mais importância. Perdeu-a. Ainda é água.
- Tempestades nos trópicos. Era assunto, até ontem. Hoje, a estupidez humana.
O silvo da chaleira quase anestesia. Um convite ao calor. Esquecimento alopático. Doses de não saber.
- Cacete! Cacete! A gastrite virou úlcera. Caralho. Ando pensando todos os dias em câncer. Sobra pouco tempo.
Ao abrir a gaveta, pequenos papelotes às mil dobras. Não daria para ler tudo. Vontade alguma. Mas parecem tesouros. Precisam parecer. Melhor nem ler.
"Ad augusta per angusta". Quase lá, quase, quase. Não fosse o torpor. Alcalóides. Jardins.
- Acorda. Ei. EI!!! Acorda!!! Filha da puta!
Foi uma faca. Foram os dedos. Palavras incongruentes? Os tais alcalóides. Etanóis. Sangue.
No último dia do mês de julho havia uma névoa estranha. Nada se via na rodoviária. Nem a leste, nem a oeste. Fazia frio. Cortante. Cena de cinema. Final de filme, anos trinta. Talvez anos vinte.
Mas todos os ônibus partiram no horário. Todos seguiram seu cronograma. Seu itinerário. Precisão irrepreensível. Fleumática.
Houve tão somente uma estranha exceção. Uma quase exceção. Um único carro que partiu no seu horário, seguiu seu caminho, e que, no entanto, partiu outra vez. E partiu novamente. E outra vez mais.
Outra vez. Outra vez. Outra e outra vez.
Diabo carregue. Pragas. Demônios.
Continua e continua a partir...
Hoje. Agora. Exato instante.